Com a proximidade das festividades juninas — período em que o amendoim se destaca em preparações como paçoca, pé-de-moleque e amendoim torrado — surge a oportunidade ideal para explorar a real dimensão deste grão que transcende o universo dos quitutes. Com inegável orgulho, reforçamos: o amendoim é originário do Brasil! Ele se consolidou como uma cultura estratégica e em expansão no agronegócio brasileiro, gerando significativo impacto econômico e social. Este artigo visa apresentar o panorama atual do setor, sua relevância e as projeções que solidificam a posição do Brasil como uma potência global neste mercado.
Produção e área plantada: um gigante que não para de crescer
O amendoim, além de tradição cultural, se tornou uma das culturas mais dinâmicas da agricultura nacional. O Brasil ocupa a 8ª posição entre os maiores produtores do mundo, com destaque absoluto para o estado de São Paulo, responsável por mais de 90% da produção nacional, aproveitando a rotação com a cana-de-açúcar, favorecendo ganhos de produtividade e sustentabilidade, já que o amendoim enriquece o solo com nitrogênio e ajuda no controle de nematoides.
A safra 2023/24 foi estimada em cerca de 734 mil toneladas, um aumento expressivo em relação a anos anteriores. Já para a safra 2024/25 deverá ultrapassar 1,18 milhão de toneladas, um crescimento de 60% em relação à safra anterior. O avanço é resultado de um aumento da área plantada (279 mil hectares) e de uma produtividade média que deverá alcançar 4.209 kg/ha. O uso de sementes certificadas, cultivares com alto teor de ácido oleico e uma mecanização mais eficiente fortaleceram ainda mais a cadeia produtiva.
A expansão não se limita a São Paulo: Mato Grosso do Sul e Minas Gerais vêm ganhando protagonismo, mostrando que o amendoim se adapta bem a diferentes regiões e pode ser uma alternativa rentável em solos menos propícios para outras culturas, como a soja.
Mercado interno e exportações: força para dentro e para fora
O consumo interno de amendoim no Brasil é expressivo e em crescimento. Com um consumo per capita de 1,6 kg por ano, ficando abaixo de países como os Estados Unidos (6,7 kg) e China (13 kg). No Brasil, o amendoim é consumido in natura, ou em produtos de confeitaria como paçoca, pé-de-moleque e doces diversos, porém, há um grande potencial de ampliação, especialmente com a popularização de produtos como a pasta de amendoim — vista hoje como alimento saudável e nutritivo.
No mercado internacional, o Brasil vem conquistando espaço relevante. Em 2024, exportamos 227 mil toneladas de amendoim em grãos, com destaques para mercados como Rússia (27), Argélia (18%) e Holanda (9%). Já no cenário de óleo de amendoim, o Brasil se consolidou como o 2º maior exportador mundial, exportando cerca de 110 mil toneladas, cerca de 75% da produção nacional, tendo a China como principal destino.
As exportações não só fortalecem a balança comercial como também geram empregos e renda para milhares de famílias no interior do país. A valorização cambial e a alta demanda mundial são fatores que reforçam o protagonismo brasileiro nesse cenário.
Amendoim: sabor e saúde no mesmo pacote
Além de sua importância econômica, o amendoim também se destaca como um alimento funcional e aliado da saúde. Rico em proteínas, fibras, magnésio, potássio, vitamina E e outros nutrientes essenciais, ele contribui para o bom funcionamento do corpo e pode fazer parte de uma dieta equilibrada desde a infância.
Estudos indicam que seu consumo pode ajudar no controle do peso, melhorar a saúde do coração, prevenir picos de glicemia e até contribuir para a saúde cerebral e prevenção do Alzheimer. Seu óleo, naturalmente livre de colesterol e rico em antioxidantes, tem sido apontado como benéfico na prevenção de doenças cardiovasculares, neurológicas e até de certos tipos de câncer, como o de mama, cólon e próstata.
Outro ponto a favor é a sustentabilidade: o amendoim, como leguminosa, exige menos água do que outras oleaginosas, fixa nitrogênio no solo e sua produção emite menos CO₂ quando comparada a fontes animais de proteína. Isso o torna não apenas um alimento saudável, mas também uma escolha inteligente para o meio ambiente.
Desafios e oportunidades: construindo o futuro do amendoim
Apesar do avanço, o setor enfrenta desafios que precisam ser superados para garantir competitividade sustentável. O controle rigoroso de aflatoxinas (substâncias tóxicas produzidas por fungos) é fundamental para acessar mercados exigentes como a União Europeia. Além disso, a logística precisa ser aperfeiçoada, especialmente para transportar o produto de novas áreas produtoras para os polos industriais concentrados em São Paulo.
Outro ponto de atenção é o custo de produção, superior ao da soja. No entanto, a rentabilidade do amendoim, associada ao seu potencial agronômico — como a melhoria do solo e o controle de pragas na rotação com a cana-de-açúcar — compensa esse investimento.
As perspectivas são animadoras. A expansão para novas áreas, o aumento do consumo interno e a conquista de novos mercados internacionais indicam que o amendoim seguirá crescendo com força. Investimentos contínuos em pesquisa, inovação, infraestrutura e qualidade serão determinantes para consolidar ainda mais o Brasil como potência global.
Quando você saborear sua paçoca ou pé-de-moleque neste São João, lembre-se que, além de tradição, o amendoim é também um motor do agronegócio brasileiro — e um superalimento. Ele gera empregos, fortalece o solo, impulsiona exportações e, ainda por cima, faz bem à saúde. Com produção crescente, exportações robustas e um mercado interno em expansão, o amendoim se firma como um dos pilares do agronegócio brasileiro — com sabor, tradição, nutrição e, principalmente, um futuro promissor, fruto de um legado genuinamente nacional.
Fontes: Itaú BBA. Radar Agro: O mercado de amendoim. São Paulo, 2025; The Peanut Institute.
