Imagem: Pixabay
Homem mais rico da Ásia diz que a Índia pode ser responsável por mais de 20% do PIB global em 2050. Como aliar crescimento econômico e sustentabilidade? A resposta está nos canaviais.
De acordo com Gautam Adani, considerado o homem mais rico da Ásia, a Índia pode vir a ser responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global até 2050.
Em uma conferência em Mumbai, Gautam Adani estimou que o PIB de seu país pode começar a crescer cerca de US$ 1 trilhão, a cada 12 ou 18 meses, já nos próximos dez anos.
Segundo o bilionário, o consumo de energia da Índia tem potencial para aumentar em 400% até 2050.
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Adani também disse que o PIB indiano deve alcançar US$ 30 trilhões em todo o período, o que representaria um salto de quase 10 vezes na comparação com o valor atual.
Com essa perspectiva de crescimento, o governo indiano e a iniciativa privada buscam desenvolver, com especial atenção, políticas de sustentabilidade.
No caso dos automóveis, por exemplo, vêm sendo adotadas iniciativas que visam a descarbonização.
No dia 11 de outubro, foi lançado na Índia o projeto-piloto de veículo flex híbrido a partir do modelo Corolla importado do Brasil.
O uso do etanol entre os indianos vem crescendo a cada ano. Em 2021, a produção global do biocombustível cresceu 3,6%, com boa parte desse aumento atribuído à expansão da capacidade do país asiático.
Vale ressaltar que o país produziu o dobro do volume de 2020, tornando-se, dessa forma, o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil.
Além de contribuir para as metas de descarbonização, o etanol é peça-chave na expansão econômica da Índia.
De acordo com Nitin Gadkari, ministro de Transportes Rodoviários e Rodovias do país asiático, o biocombustível seria uma forma de incrementar o setor agrícola indiano de 6% a 8% nos próximos anos.
Na esteira do etanol está a produção de hidrogênio, mostrando que o setor automobilístico indiano tem soluções domésticas múltiplas para crescer com sustentabilidade.
Atualmente, a Índia é a quinta maior economia do mundo, com um PIB de US$ 3,5 trilhões. “Bem antes de 2030, seremos a terceira maior economia do mundo e, posteriormente, a segunda maior economia do mundo até 2050”, diz Gautam Adani.
O Brasil terá papel fundamental nas ambições de desenvolvimento econômico da Índia, principalmente com o know-how em biocombustíveis, visto que o setor sucroenergético brasileiro é referência mundial quando o assunto é energia verde.
Falar de bioenergia é entrar em um território vasto:
- Etanol;
- Biodiesel;
- Biogás;
- Biometano etc.
Em suma, trata-se do processo de gerar energia a partir de matéria orgânica renovável, sendo uma alternativa às fontes de energia fóssil.
A cana-de-açúcar é protagonista no universo da bioenergia, já que é uma cultura que pode ser aproveitada de várias maneiras. Por exemplo:
Caldo da cana-de-açúcar: usado para fazer o etanol de primeira geração (E1G). O bagaço é usado como fonte de energia elétrica, já a palha não é aproveitada.
Bagaço e palha da cana: esses subprodutos podem ser usados na produção de etanol de segunda geração (E2G), sendo também um processo integrado à fabricação do E1G.
Com o E2G, é possível incrementar a produção do biocombustível em até 50% sem precisar aumentar a área de plantio.
A Índia é o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, atrás apenas do Brasil. Apesar da posição de destaque na produção da commodity, o país asiático é novato no âmbito dos biocombustíveis.
Mas, nos últimos anos, a Índia vem estreitando os laços com o setor sucroenergético brasileiro, o que vem surtindo efeito.
Mesmo dando os primeiros passos, o país asiático almeja chegar à mistura de etanol na gasolina em 20% (E20) até 2025 – atualmente a mistura é de 10%.
A política de mistura E20, embora seja integralmente concretizada apenas em 2025, dará os primeiros passos já em 2023, quando a comercialização do E20 ficará disponível em alguns postos de combustíveis do país.
O Brasil já se prepara para a nova revolução da bioenergia, com a produção de E2G e hidrogênio verde. A chamada “reforma do etanol” será mais um passo do setor sucroenergético brasileiro rumo às metas de descarbonização.
Além de ser crucial na segurança alimentar global, o Brasil desempenha importante papel na geração de bioenergia através do desenvolvimento de tecnologias que colocam o País na vanguarda das energias renováveis.
O Brasil tem vocação natural para o uso da bioenergia, uma vez que possui grande potencial sustentável.
Estima-se que até 2050 a bioenergia corresponderá a aproximadamente 30% de toda a energia usada no mundo.
Os benefícios econômicos e sociais são imensos, e o Brasil tem uma grande oportunidade de expandir seu protagonismo mundial quando o assunto é energia renovável.
Os dois maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo estão cada vez mais próximos em virtude do etanol.
O Brasil, que já tem uma larga vivência no assunto, vem oferecendo sua experiência ao país asiático, que consolida cada vez mais o uso do biocombustível no seu território, visando a descarbonização e melhor interação com o meio ambiente.
A expertise brasileira está auxiliando a Índia nos seus esforços em tornar a sua indústria automobilística mais sustentável.
Tendo em vista a perspectiva de crescimento econômica audaciosa de Gautam Adani, há um longo caminho para a Índia percorrer para crescer de maneira sustentável.
O desafio é grande, porém, os indianos têm a cana-de-açúcar como uma das soluções, além da parceria com o Brasil, que deve continuar rendendo bons frutos para ambos os países.
Se a Índia realmente representará mais de 20% do PIB global em 2050, não temos como saber, mas é certo que esse desenvolvimento passa por uma matriz energética sustentável, que pode ser obtida através da bioenergia.
Fonte: Datagro