As exportações brasileiras de proteína animal tiveram bom desempenho em outubro. O saldo geral continua muito positivo. Conforme já discutido, o resultado é consequência do forte ritmo de compras da China ao longo do ano, buscando suprir a lacuna de oferta formada pela peste suína africana (FSA). A notícia da reposição do rebanho suíno na China é recorrente, porém a produção de carne não vai aumentar repentinamente, pois a suinocultura tem um ciclo que precisa ser respeitado. É provável que a produção comece a apresentar uma recuperação gradual a partir do último trimestre de 2022.
Para os últimos dois meses do ano, a expectativa é que a China absorva volumes ainda mais expressivos de carnes brasileiras, avaliando o início do planejamento de estoques para atender a demanda no principal feriado do país, o ano novo lunar. Os números preliminares de novembro já mostram um bom crescimento no ritmo de embarques, que tende a se acelerar nas próximas semanas, ressaltando que a paridade cambial mantém a proteína animal brasileira altamente competitiva no mercado internacional. A título de comparação, uma arroba de boi gordo custa cerca de US $ 75 nos Estados Unidos, enquanto no Brasil a arroba custa pouco mais de US $ 48, o que sem dúvida reflete no preço da carne comercializada.
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As exportações de carne suína continuam sendo o destaque da balança comercial do setor de carnes em 2020, com um crescimento emblemático de 42% em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a outubro, o Brasil embarcou cerca de 839 mil toneladas de carne suína, contra 590 mil toneladas no mesmo período de 2019. Em termos de receita, o resultado é ainda melhor, de quase 1,86 bilhão de dólares, um aumento de cerca de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. A China ainda responde por cerca de 50% das exportações brasileiras de carne suína. Logicamente, essa dependência é a principal justificativa para que os embarques brasileiros se aproximem de 124 mil toneladas por mês.
O resultado da exportação mensal de carne bovina ficou dentro das expectativas do mercado. O resultado segue positivo, acima de 275 mil toneladas em equivalente carcaça. O destaque fica por conta das exportações de carne bovina para o mercado chinês, com mais de 100 mil toneladas embarcadas em equivalente carcaça. No acumulado do ano, o Brasil exportou cerca de 2,42 milhões de toneladas, um aumento de aproximadamente 11,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Para frango, o desempenho geral é mais discreto em comparação com as outras duas proteínas. Esse movimento é justificado pelo menor volume exportado para importadores tradicionais, como os países do Oriente Médio e Japão. Com uma possível recuperação nesses mercados, a expectativa é de que o bom ritmo de embarques seja retomado. De janeiro a outubro, o Brasil exportou cerca de 3,43 milhões de toneladas, um aumento de 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita caiu cerca de 12,3% devido à variação cambial entre um ano e outro, derrubando o preço médio do frango brasileiro. É muito importante notar que os embarques de frango têm sido satisfatórios há alguns anos, o Brasil tradicionalmente exporta entre 4 e 4,3 milhões de toneladas, mantendo a liderança nas exportações mundiais desta proteína.
Com a expectativa de um ritmo excelente de embarques nos últimos dois meses, haverá reflexos no mercado interno. A alta na matéria-prima já provocou reação entre os principais frigoríficos brasileiros. A intenção é reduzir a capacidade de abate para mitigar o efeito do aumento de custos em 2020. O movimento de alta parece estar próximo do limite em todo o setor, e os consumidores finais já apresentam sinais evidentes de saturação, em forte processo de migração de consumo.
Por: Leonardo Gottems | Fuente: SAFRAS Latam