
De acordo com análises da Hedgepoint Global Markets, a recente divulgação de dados mais fortes do que o esperado na moagem de cacau, especialmente com um aumento de 5,6% em março na Costa do Marfim, indicou ao mercado uma demanda mais resiliente em meio a um cenário adverso. Essa performance surpreendeu, uma vez que o mercado projetava retrações entre 5% e 7%. Os dados divulgados pelas associações ECA, CAA e NCA mostraram quedas de 3,7%, 3,4% e 2,5% nas moagens do primeiro trimestre na Europa, Ásia e EUA, respectivamente — números menos negativos do que o previsto.
O mercado do cacau tem enfrentado uma volatilidade acentuada nos últimos meses, com preços atingindo recordes históricos. A forte queda na produção da Costa do Marfim e de Gana, maiores produtores mundiais de cacau, impulsionou essa escalada. Como resultado, as principais indústrias de chocolate viram seus custos de produção dispararem, o que levou ao repasse dos aumentos ao consumidor final.
Cacau pressiona inflação e muda o rumo dos mercados
Indicadores econômicos refletiram esse cenário. Na Europa, o Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (HICP) apresentou variações significativas. Nos Estados Unidos, o mesmo aconteceu com o Índice de Preços ao Produtor (PPI). No Brasil, o chocolate registrou aumento acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2025. Os produtos em barra e o cacau em pó se destacaram entre os que mais subiram.
Segundo a analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Carolina França, uma retração na demanda era vista como fator baixista. A situação se agravou após o “Dia da Libertação” de Donald Trump, com temores de recessão e tarifas comerciais, derrubando os preços. Porém, os dados recentes mudaram a perspectiva: contratos de julho de 2025 encerraram o dia 23/04 com alta de 4,8% em Nova York (USD 9.117/mt) e 6,4% em Londres (GBP 6.435/mt).
Fonte: Leonardo Gottems | Agrolink