
Os Estados Unidos dobraram suas tarifas sobre as importações de metais nesta quarta-feira, no mesmo dia em que o governo do presidente Donald Trump espera que os parceiros comerciais façam suas “melhores ofertas” para evitar que outras taxas de importação punitivas entrem em vigor no início de julho.
Maros Sefcovic é o negociador comercial da União Europeia. Ele disse que teve “uma discussão produtiva e construtiva” com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. O encontro aconteceu em Paris, na manhã desta quarta-feira.
“Estamos avançando na direção certa em ritmo acelerado – e permanecendo em contato próximo para manter o ritmo”, disse Sefcovic no X, sem dar nenhum detalhe sobre as negociações. Ele iria defender a redução ou eliminação das tarifas ameaçadas sobre as importações europeias.
Pressão se intensifica com decreto e nova rodada de tarifas
No final da terça-feira, Trump assinou um decreto. A medida entrou em vigor na quarta-feira e eleva as tarifas sobre metais importados para 50%. Antes, desde março, a taxa era de 25%.
“Começamos com 25 e, depois de estudar mais os dados, percebemos que foi uma grande ajuda, mas é preciso mais ajuda. E é por isso que a taxa de 50 começa amanhã”, disse o assessor econômico da Casa Branca Kevin Hassett, em uma conferência da indústria siderúrgica em Washington na terça-feira. O aumento entrou em vigor às 1h01 (horário de Brasília).
O aumento se aplica a todos os parceiros comerciais, exceto o Reino Unido, o único país até agora que fechou um acordo comercial preliminar com os EUA durante uma pausa de 90 dias em uma série mais ampla de tarifas de Trump. A taxa para as importações de aço e alumínio do Reino Unido – que não está entre os principais exportadores de nenhum dos metais para os EUA – permanecerá em 25% até pelo menos 9 de julho.
Os Estados Unidos importam cerca de um quarto de todo o aço que consomem. Dados do Census Bureau indicam que o aumento das tarifas afetará principalmente os parceiros comerciais mais próximos do país: Canadá e México.
Canadá e México são os mais afetados
O Canadá estará ainda mais exposto aos impostos sobre o alumínio uma vez que exporta para os EUA aproximadamente o dobro dos volumes combinados dos outros dez principais exportadores. Os EUA obtêm cerca de metade de seu alumínio de fontes estrangeiras.
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que o governo está conduzindo negociações intensas e ativas para remover essas e outras tarifas.
O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, reiterou que as tarifas são insustentáveis e injustas. Ele destacou que essa avaliação se torna ainda mais evidente considerando que o México importa mais aço dos Estados Unidos do que exporta para lá.
O aumento das tarifas abalou o mercado de ambos os metais nesta semana, especialmente o de alumínio. Os Estados Unidos têm pouca capacidade de aumentar a produção doméstica. Por isso, é provável que os volumes de importação não sejam afetados. Isso só deve mudar caso os aumentos de preço reduzam a demanda.
“Melhor oferta”
Nesta quarta-feira, a Casa Branca também quer que os parceiros comerciais proponham acordos. Esses acordos poderiam ajudá-los a evitar que as pesadas tarifas “recíprocas” de Trump sobre as importações em geral entrem em vigor em cinco semanas.
As autoridades dos EUA estão em negociações com vários países desde que Trump anunciou uma pausa nessas tarifas em 9 de abril, mas até agora apenas o acordo com o Reino Unido foi concretizado. Esse pacto, entretanto, é mais uma estrutura preliminar para mais negociações.
A Reuters noticiou na segunda-feira que Washington estava pedindo aos países que listassem suas melhores propostas em várias áreas importantes. Entre elas, estavam ofertas de tarifas e cotas para produtos dos EUA, além de planos para eliminar barreiras não tarifárias.
Por sua vez, a carta promete respostas “dentro de dias”. Ela também indica uma possível “zona de pouso”, incluindo as taxas tarifárias que os países podem esperar após o término da pausa de 90 dias, em 8 de julho.
O que está em questão para a maioria dos parceiros comerciais é se eles manterão a taxa básica atual de 10% sobre a maioria das exportações para os EUA após essa data. Ou se terão que lidar com uma taxa possivelmente muito mais alta.
Fonte: Alexandra Alper em Washington, Brendan O’Boyle, Ismail Shakil, Kiyoshi Takenaka e John Geddie | Notícias Agrícolas